quarta-feira, 27 de junho de 2012

Em PE, série acompanha bastidores da estreia da quadrilha junina Tradição

Grande dia do espetáculo é mostrado na reportagem especial do NETV.
Antes da apresentação, nervosismo e emoção tomam conta dos integrantes.

 

Uma comunidade que dedicou meses a uma paixão. Dividiu o tempo entre o trabalho, os estudos, os cuidados com a casa e os filhos, com o amor pela quadrilha junina. Na série especial exibida pelo NETV, foi mostrado todo o planejamento que começou ainda no ano passado, com a pesquisa para a escolha do tema. No começo deste ano, foi a vez de realmente colocar, como se diz, a mão na massa. Hora de preparar o cenário, gravar as falas do casamento, escolher as músicas, fazer o figurino e ensaiar as coreografias. A cada dia, a ansiedade de apresentar tudo isso para o público só aumentava.
Finalmente, chegou esse dia. Na última reportagem da série, os bastidores da estreia da junina Tradição no Festival de Quadrilhas da Globo Nordeste são acompanhados. Ela foi escolhida para a série especial porque foi a campeã do ano passado.
Seis horas antes da apresentação, a quadrilha ainda fazia os últimos ajustes no cenário. Depois de seis meses de trabalho, finalmente chegou o grande dia. A produção é a primeira a ir para o Cabo de Santo Agostinho. São dois caminhões-baú carregados. As peças são muito grandes e fica até difícil acomodar todas. Mais difícil ainda é segurar o coração. “A adrenalina está a mil, o coração não para, a emoção, com certeza, vai explodir hoje à noite, porque é a realização de um sonho que não é só meu. É o sonho de uma comunidade inteira, de pessoas que estão lá nos esperando. então a tensão está demais”, diz o produtor artístico Anderson Gomes.
Enquanto a produção finaliza o cenário, as damas já estão reunidas para começar a maquiagem. A Tradição tem uma equipe de quatro maquiadores. Na casa do maquiador, damas à flor da pele. “Coração pulando, batendo forte, ansiosa que chegue logo a hora e nervosa também”, comenta a dama Dandhara Rhadcklyff.
Mesmo com uma equipe de maquiadores, todas se ajudam. Esse é o momento pra testar o figurino e fazer algum ajuste. A noiva recebe atenção especial e a maior preocupação é prender bem o arranjo de cabeça, que pesa dois quilos.


Quatro horas antes da apresentação todos se encontram na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que fica no alto do morro. Lá pedem proteção a "Dona Ceça", como é carinhosamente chamada. Nos olhos de cada um, nervosismo, seriedade e emoção. É um momento de fé onde a devoção a Nossa Senhora se mistura ao amor pelo São João.
Finalmente chegou a hora de pegar a estrada. Homens e mulheres vão em ônibus separados. Quando os ônibus chegam, eles descem na PE-60, pertinho do arraial e têm que trocar de roupa ali mesmo. Cada cavalheiro ajuda a sua dama.
A hora está chegando e o nervosismo aumentando. “Já estou muito ansiosa”, diz a noiva Taynara Gomes. Até aqui ainda há ajustes a serem feitos. Quando todos estão prontos, a quadrilha vai caminhando até o arraial. O público que está do lado de fora para pra ver.
Na concentração, as últimas dicas do coreógrafo. Quando a quadrilha chega aos bastidores do arraial, falta meia hora para a apresentação. Ainda dá tempo de acertar detalhes com os atores. A equipe de produção se concentra. Ela é a primeira a trabalhar. Tem 15 minutos para montar todo o cenário, nada pode dar errado. O pessoal da iluminação também está a postos. Daqui de trás já é possível ouvir os gritos do público, quatro mil pessoas lotam o arraial.
A quadrilha entra. O espetáculo começa com um dia triste para o povo pernambucano: a morte de Luiz Gonzaga. A quadrilha, vestida de céu, representando as nuvens, dança a música "terra, vida e esperança".
O dia está começando, o sol, representado pelos noivos, precisa nascer, mas antes tem que se comprometer a aquecer e iluminar a terra. É a hora do casamento. É neste momento, que Luiz Gonzaga chega ao céu, sem entender ainda o que está acontecendo. Quem ajuda “Seu Lua” a perceber que ele agora é um ser de luz são os santos do ciclo junino, São Pedro, Santo Antônio e São João. Todos concordam que Luiz foi um homem bom e que merece entrar direto no paraíso. O problema é que nessa história também existe São Paulo, que sente ciúmes por nunca ter recebido homenagens de Luiz Gonzaga.
O julgamento musical começa. São Paulo diz que Luiz fugiu de casa e a música mostra o que ele sentiu. Também mostra que ele honrou pai e mãe. Mas São Paulo lembra que ele cobiçou a mulher do próximo e até cantou em cabarés.
E também deu destaque para os cangaceiros. Lampião, Maria bonita e seu bando também estão no céu da Tradição, sem armas e representando as estrelas. Os santos juninos defendem: Luiz Gonzaga cantou a seca, chamou a atenção do Brasil para o sofrimento do povo nordestino.
A discussão entre os santos continua até que todos escutam a voz de Deus. São Paulo se rende aos argumentos divinos e Luiz Gonzaga é recebido no paraíso como o santo do povo do Nordeste.
A Tradição conquistou o quinto lugar no Festival de Quadrilhas Juninas da Globo Nordeste neste ano. A campeã foi a Dona Matuta, de San Martin. A Tradição ainda espera o resultado de dez concursos. Ela foi convidada para representar Pernambuco, no dia 25 de agosto, no Festival Nacional de Quadrilhas, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Junho ainda não acabou e todas as quadrilhas juninas do estado já se preparam para o São João do ano que vem. Haja trabalho e dedicação.

 

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